(may the) Force (be with you)
Força é habitualmente descrita como uma acção que tende a manter ou alterar o movimento de um corpo ou mesmo a distorcê-lo. A gravidade foi a primeira força da natureza a ser compreendida.
Em Star Wars, Obi-Wan Kenobi descreve a força como “an energy field created by all living things. It surrounds us and penetrates us; it binds the galaxy together.”
Dentro das “doutrinas” que foram criadas à volta de qual a ordem pela qual se deve ver os filmes, onde fica a evolução cronológica feminina dos episódios? Onde ficam as mulheres em Star Wars?
A primeira heroína no meio de homens é Leia.
A posição de Leia, enquanto mulher solitária entre os homens, é frequentemente vista como um ponto positivo e não como um exemplo negativo da desigualdade de género em Hollywood. No entanto, há certos factos que nos podem deixar com dúvidas.
Logo no Episódio IV - A New Hope (1977), Leia aparece pela primeira vez dizendo “Help me, Obi Wan Kenobi. You're my only hope.”. Temos desde logo a donzela em apuros em precisa de ser salva por um homem. No final, ainda há direito à função de Leia ser condecorar os verdadeiros heróis da acção.
A objectificação sexual da princesa ocorre finalmente no Episódio VI - O Regresso de Jedi (1983). A imagem de Leia acorrentada em bikini passou a ser o fetiche de muitos nerds, incluindo de Ross, em Friends. Mesmo a capa deste filme, mostra-nos os homens em posição de acção, viris e másculos, e a imagem de Leia remete-nos para uma postura de sedução.
É um facto que “women don't talk much in "Star Wars””. Se retirarmos as falas de Leia, apenas 63 segundos são discursados por mulheres. Nem a Tia Beru, quem criou um dos protagonistas do enredo, merece muito tempo de antena.
A segunda figura feminina é Padmé.
Nos Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999), Episódio II – Ataque dos Clones (2002) e Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith (2005), Padmé passa de mulher política, rainha de Naboo e senadora, para ser reduzida completamente ao seu relacionamento com Anakin. Das 15 mulheres que aparecem nesta trilogia, apenas Padmé parece ter relevância e até mesmo ela acaba por perder toda a sua capacidade de acção e, desde que engravida, as suas falas quase parecem resumir-se em choros e lamentos. Tem sempre de haver um envolvimento dramático no enredo das mulheres: enquanto Leia foi escrava, Padmé morreu. E que importância é dada ao exemplo que transmite a mãe de Anakin? Vida complicada, escrava, solteira e ainda toma conta sozinha de um filho.
A terceira mulher a ter importância na história é Rey.
O feminismo de Star Wars foi reformulado. Temos finalmente o foco principal numa personagem feminina, mostrando que a Disney pareceu querer desbravar os campos de género e de raça. Carrie Fisher chegou a aconselhar Daisy Ridley com “You should fight for your outfit. Don’t be a slave like I was.”.
Rey marca bem a sua posição: “I know how to run without you holding my hand.”
Tal como criou Hayley Gilmore, “a woman's place is in the resistance”.
Ressalva-se que adoro Stars Wars e isto é apenas uma perspectiva. Tal como poderia ter feito uma sobre o Marega e toda a crise que houve em 2014 por haver um stormtrooper negro.
Referências:
Física em 30 segundos
Women Don't Talk Much in "Star Wars” - https://www.youtube.com/watch?v=ODgwL7DJ9dY
Megen de Bruin-Molé - Space Bitches, Witches, and Kick-Ass Princesses: Star Wars and Popular Feminism
Renata Harrison - Gender, race and representation in the Star Wars franchise: an introduction.
Ricardo Ribeiro – Questões de género em Star Wars
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