Flatland

Flatland é uma obra de 1884 relatada por um quadrado na primeira pessoa (na verdade, Edwin A. Abbott).
Recorrendo a vertentes matemáticas, sociais e teológicas, o que esta obra na verdade pretende é expandir as percepções limitadas dos leitores relativamente ao mundo que nos rodeia e abrir mentes para um novo mundo.
Um novo mundo também nos é aberto pela Viagem Medieval em Santa Maria da Feira que desde 1996 nos leva para outra dimensão: idade média.
O tema deste ano foi D. Pedro I, o Justiceiro – cognome que nos deixa dúvidas, pois embora nunca tenha combatido o inimigo estrangeiro (houve mesmo quem, anos mais tarde, irritasse D. Sebastião dizendo que, mesmo tendo mantido a paz com Castela e com os Mouros e não tenha conquistado novas terra, foi um bom governante), andava sempre de chicote à cintura pronto a punir os infiéis, como temos o exemplo do Bispo do Porto (que manteve relações íntimas com uma mulher casada) e uma senhora adúltera (condenada à morte, mesmo o enganado tendo implorado de joelhos contra tal condenação).
Filho de Afonso IV, a sua mais conhecida punição foi contra Pedro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco conhecidos por, cumprindo ordens do Rei, terem assassinado Inês de Castro, arruinando assim o amor de Romeu e Julieta portugueses.
Afonso IV experimentou o ódio que sentiu pelo seu próprio pai, D. Dinis, por parte do seu filho e mal morreu, Coelho e Gonçalves foram alvos das maiores torturas (Pacheco conseguiu fugir).
Antes deste desfecho, várias tentativas foram tomadas para separar Inês e Pedro. D. Constança convidou Inês de Castro para madrinha do seu filho e de Pedro, pois na época tal “grau de parentesco” tornava incestuosas relações de carácter amoroso entre os envolvidos. A criança morreu passado uma semana. O único filho de Pedro e Constança foi, assim, o Fernandinho e com medo que se comprometesse a legitimidade sucessória deste, Afonso IV tentou sem sucesso exilar a galega.
Epilético e muito gago, o verdadeiro ataque de D. Pedro I teve foi após o julgamento que dizem ter havido contra D. Inês e que foi condenada à morte de acordo com as (duvidosas) regras do Direito.
Mais tarde, D. Pedro fez transladar os restos mortais da sua amada do Convento de Santa Clara em Coimbra para o Mosteiro de Alcobaça. Reza a lenda que Inês de Castro foi colocada num trono e que o Rei fez com que os vassalos beijassem os ossos.
Numa época onde as mulheres eram representadas como no Flatland em linhas rectas, sem ângulos, por serem desprovidas de inteligência e de direitos na sociedade apresentada (embora nesta obra pareça que Abbott fosse extremamente machista, na verdade era um grande defensor dos direitos das mulheres), Inês foi considerada rainha póstuma de Portugal e teve 4 filhos com o infante.
Uma delas, Beatriz, chegou a coabitar com o meio irmão D. Fernando (estas relações eram normais na época) no Paço A-Par-de São Martinho, o actual Centro de Estudos Judiciários (CEJ).
A Viagem Medieval de Santa Maria da Feira é uma óptima ilustração da vertente festiva de D. Pedro de acordar toda a corte a meio da noite e irem dançar para o meio das ruas com o povo.

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