Pi

O número  π, para além de estabelecer a relação básica entre o que é circular e não é e de ser a razão constante entre o perímetro da circunferência e o seu diâmetro, é também o dobro da razão constante entre a área de um círculo e o quadrado nele inscrito. A = πr2
O cálculo deste número ocupou várias pessoas ao longo da História (Newton afirmou que só dedicou algum tempo ao seu cálculo por não ter mais nada para fazer) e a obsessão é tal que temos reflexos do π em marketing, em poemas, na música, no cinema (tanto que pelos pimaníacos a resposta para os enigmas da vida, no filme The Hitchhiker's Guide To the Galaxy ser simplesmente 42 foi completamente inaceitável), na literatura, nos mais diversos tipos de arte e nas leis (por mais estranho que pareça).
Por ser considerado muito mais que um número, festejamos o Pi Day no dia 14 de Março (3/14), coincidente com o nascimento de Einstein, e claro que a comida desse dia, pela sua forma, é obviamente pizza.
Heráclito referiu que “na circunferência, o princípio e o fim coincidem". Isto transmite-nos a ideia de um movimento cíclico. O cálculo do π que nos leva aos efeitos cíclicos da História ainda não foi descoberto, mas a verdade é que acontecem.
Em 2008 rebentou uma crise económica mundial.
Quando em 2009, Barack Obama fez o seu juramento sob a mesma constituição que fez Lincoln e se tornou o 44º presidente dos Estados Unidos, primeiro afro-americano, teve de enfrentar uma economia completamente desvastada. Mais de 700 mil pessoas tinham perdido o seu emprego e pondo ao lado graficos e dados de 1929 e da actualidade, a pergunta era automatica “estamos assim tao mal?”. De louvar a atitude de, em vez de se focarem única e exclusivamente no que a maioria considerava ser economia, incluíram nela o “Santo Graal do Partido Democrata há décadas”: aprovação do sistema nacional de saúde, sendo a lei aprovada em Março de 2010.
Em 1929, tivemos a Grande Depressão, a crise que foi considerada o pior e o mais longo período de recessão económica desse século, tendo início em 1929 e persistindo até à Segunda Guerra Mundial.
O New Deal foi uma tentativa por parte dos Estados Unidos (Presidente Franklin Roosevelt) de colmatar os danos dessa crise, sendo que um dos objectivos do projecto era o investimento em obras públicas.

Uns significativos anos antes, Fontes Pereira de Melo tentou colocar Lisboa e Porto a 12h de distância através de uma linha ferroviária, só que esta política fontista de investimentos públicos levou ao défice das contas públicas, a um cada vez maior endividamento externo e ao aumento dos impostos indirectos.
Não nos faltam crises económicas na História. Muitos anos antes disto tudo, o enfraquecimento e a decadência do grande Império Romano são justificados por alguns autores pelo luxo excessivo que levaram. Os Lusitanos assistiram à crise económica que abalou todo o Império Romano e à  falta de escravos após o fim das vitórias militares. Assim, o esforço da recuperação recaiu maioritariamente nos cidadãos ditos livres. Digamos que para nós já não é novidade uma crise atingir principalmente a classe média urbana. 
No tempo dos Descobrimentos, Portugal foi uma superpotência mundial.  Os capitais obtidos no oriente não eram reinvestidos, isto é, os lucros eram usados para o luxo da corte (e para obras arquitetónicas como o Jerónimos e a Torre de Belém) e não para fins económicos nem beneficiavam a população em geral. O monopólio estatal em termos de transacções declinou e a nossa marinha estatal foi-te deteriorando e tivemos de recorrer ao que ainda não era o Estado Alemão para arrendar transportes coloniais. Em 1567 entramos em bancarrota e quando há fracasso do capitalismo o que se faz? Contrair empréstimos.
Assim se viu obrigado Portugal em 2011, que pela terceira vez em 35 anos, teve de pedir dinheiro emprestado. Lá tivemos Socrátes a anunciar que precisámos de um resgate financeiro.
O estilo Troika já tinha sido aplicado antes, aquando da Cortina de Ferro, através do Plano Marshall que inundou a Europa de dólares com vista a travar o crescimento dos partidos comunistas.
No entanto, houve quem em 1928 negasse o estilo Troika. A Sociedade das Nações concordou em disponibilizar verbas para um empréstimo mas tinha o controlo das Finanças portuguesas e a exigência do regresso à vida democrática. Obviamente que o General encarregado das negociações, Ivens Ferraz, disse não.
Nem tudo é mau. Devido a uma crise se abateu na Europa no final do século XIX e pelo já falado Fontismo, Portugal viu-se forçado a abandonar o padrão-ouro e o Banco de Portugal ficou em reservas. Obteve um empréstimo por parte dos britânicos que se comprometeu a pagar em 99 anos. No Governo de António Guterres em 2001 essa dívida foi saldada.

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