C2H6O
O etanol (ou álcool etílico ou (só) álcool) é a substância que resulta da fermentação de açúcares de diversos produtos de origem vegetal. A cachaça é a aguardente de cana-de-açúcar e é, portanto, uma bebida destilada, que resulta da destilação, através de um alambique, do álcool produzido no decurso da fermentação (ou seja, através de um processo de evaporação, seguido de condensação pelo frio, das bebidas fermentadas, podem obter-se bebidas com maior graduação alcoólica). A cachaça é utilizada para fazer caipirinhas e há quem diga ter sido inventada pela Carlota Joaquina.
Carlota Joaquina é habitualmente descrita como a princesa menos “princesa” da História de Portugal.
Casada com D. João VI, aquele que uns acusam de cobardia por nos ter abandonado e fugido para o Brasil e que outros consideram ter sido uma jogada de mestre para salvar o nosso reino, Carlota Joaquina foi sempre representada com os piores defeitos possíveis.
Há quem diga que foi uma esposa infiel, chegando a haver quem a descreva como “ninfomaníaca crónica” (pelo menos, não ficou marcada como D. Estefânia pelo super escândalo de, mesmo casada mais de um ano com D. Pedro V, morreu virgem). Teve 9 filhos e diz-se que a partir de 1801 nenhum deles é filho de D. João VI. D. Pedro IV nasceu a 1798 e D. Miguel I a 1802: teremos aqui uma nova teoria da conspiração relativa à rivalidade entre os dois irmãos? Mas as traições ao marido não eram exclusivamente amorosas, segundo contam. Relata-se que Carlota Joaquina esteve por detrás de inúmeras conspirações políticas contra o marido e contra o reino devido à sua sede monstra de poder.
É também descrita como feia e pouco preocupada com a higiene (mas quem era naquela altura?). Ao contrário de Filipe II (I de Portugal), que a revista Sábado considerou como “o Rei que morreu com um ataque de piolhos”, Carlota Joaquina sobreviveu por diversas vezes a piolhos.
Ainda pequena, D. João VI descrevia “Eu não posso te explicar os piolhos que tem. Parece praga. Depois que se lhe cortou (o cabelo), tem secado mais a cabeça. Mas como lhe deixaram o topete, que me parece é o esconderijo de todos os piolhos, tu bem podes crer o que ela terá padecido, mas tudo com muito propósito, como se fosse uma mulher de trinta anos.” Carlota Joaquina nesta altura tinha apenas 11 anos e já levava com um ano de casamento (calma que o acordo pré-nupcial era que apenas fosse “desflorada” por volta dos 15 anos).
Na sua ida para o Brasil, uma infestação geral de piolhos levou a que as mulheres, incluindo Carlota Joaquina, rapassem os cabelos e untassem com banha de porco as cabeças. Podemos assim dizer que Carlota Joaquina foi precursora de uma moda porque chegada ao Brasil com as restantes nobres portuguesas, as mulheres do Rio de Janeiro acharam que aquela seria a última moda na Europa e passaram a cortar os cabelos e a usar turbantes.
No entanto, não é que fosse descuidada com a sua indumentária, pois foi descoberto um documento com data de 1816 onde estão registadas compras (“560 lencinhos de mão, corpetes, impressionantes vestidos dos mais luxosos materiais, luvas, cosméticos e peças de joalharia”) que a rainha Carlota Joaquina fez e que, de grosso modo, corresponderiam a um sétimo da despesa do Estado desse ano.
Para piorar, há teorias que a consideram uma assassina. Para além de Dona Gertrudes (mulher de um dito amante de Carlota Joaquina, morta a tiro diz-se por um mulato a mando de Carlota Joaquina e que terá sido D. João VI a abafar o caso), é acusada, por alguns, da causa de morte do marido por envenenamento. Uma análise aos restos mortais de D. João VI pelo Instituto Superior Técnico indicou um teor de arsénico 475 vezes superior ao normal.
De facto, vendo todas estas perspectivas, a ser verdade o que a historiadora Ana Roldão diz de ter sido Carlota Joaquina a inventora da caipirinha, “terá sido o único contributo da megera-rainha para o bem do Brasil. Ou melhor, da humanidade.”
Diz-se que misturava frutas com cachaça para fazer e conservar compotas, mas devido ao calor do Brasil para Carlota Joaquina, que designava de “terra de mosquitos e carrapatos”, a rainha bebia a mistura com gelo para se refrescar. Fala-se em haver documentos que comprovam que a aguardente de cana constava na lista de compras da cozinha do palácio e que Carlota Joaquina bebia por dia litros e litros da mistura de cachaça com lima e açúcar amarelo.
“Feia, maquiavélica e infeliz” mas, pelo menos, (se calhar) deu-nos a caipirinha.
Referências:
Álcool e problemas ligados ao álcool em Portugal - Lucília Mercês de Mello | José Barrias | João Breda
1808 - Laurentino Gomes
Até que a morte nos separe - Alexandre Borges
O Rei que morreu com um ataque de piolhos...... e mais 15 episódios absurdos da monarquia portuguesa - Sábado
Carlota Joaquina foi às compras (e foi responsável por 15% das despesas de Estado) - Público
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